Em áudio vazado durante conversa com o vereador Gabriel dos Anjos (Podemos), o vereador Toninho Uller (PL) confessou que “bancou” para não aumentar o salário dos professores e funcionários públicos em troca de cargos comissionados.

Durante a conversa, o vereador disse que fez um acordo com a Câmara de Vereadores de Navegantes e com o vereador Gabriel, em troca do cargo de assessor de comissões. “O cargo de comissão era meu, foi criado porque era meu”, afirmou Toninho. “Mas o senhor fez esse acordo com quem?, perguntou Gabriel. “Com a Câmara de Vereadores, conosco”, respondeu Uller. 

No desenrolar do áudio Dos Anjos disse que não estava sabendo do acordo, porém, mais uma vez Toninho afirmou que todos estavam sabendo. “Eu banquei a não baixar para as comissões o projeto de lei do aumento dos professores e funcionários públicos. Foi combinado que ia ser criado um cargo de assessor de comissões e que iria ser do vereador Toninho Uller”, confessou.

Diante da repercussão do caso, o Jornal de Navegantes entrou em contato com o vereador Gabriel, ele disse que a conversa aconteceu em março de 2023 no estacionamento da Câmara de Vereadores, poucos dias depois da exoneração da servidora do cargo de assessor de comissões. “O Vereador Toninho me abordou e perguntou, porque eu, enquanto Presidente, tinha exonerado a servidora que ocupava esse cargo? Eu sabia que o cargo era indicação dele, mas não sabia que o cargo tinha sido criado com outras intenções nas quais ele mesmo contava, eu não sabia de acordo algum”, disse o parlamentar. 

Questionada pelo Jornal de Navegantes sobre o andamento do caso, a presidente da Comissão de Ética da Câmara de Vereadores, Lú Bittencourt, informou que ainda não houve nenhuma representação na Comissão de Ética. “O protocolo para essa denúncia passa pelo presidente, jurídico e então para a comissão. Mas tenha certeza que tudo o que chegar até a comissão será tratado com lisura”, destacou Lú. 

O Jornal de Navegantes também entrou em contato com o vereador Toninho para entender seu posicionamento em relação ao áudio vazado, diante dos questionamentos feito via WhatsApp, o parlamento preferiu não se pronunciar virtualmente, mesmo sendo insistido a responder as dúvidas, tendo em vista a importância de sua versão da história, Toninho simplesmente disse, “vou deixar para uma próxima”.

Vale destacar que o representante do PL foi acusado por uma servidora de cometer violência psicológica, injúria e ameaças, visto que a funcionária ocupa o cargo que, supostamente, seria dele.

O presidente do Sindicato dos Servidores da Foz do Rio Itajaí-açu, Francisco Johanssen, publicou um vídeo em suas redes sociais pedindo a cassação do parlamentar por quebra de decoro. “Protocolei nesta quarta-feira, a denúncia por quebra de decoro parlamentar contra o vereador Toninho Uller pelos episódios recentes. Espero que o poder legislativo tome os encaminhamentos necessários para que os fatos sejam apurados, e confirmando a conduta, a decisão seja tomada”, disse o presidente. 

Nota oficial da Câmara dos Vereadores

Em nota, a Câmara dos Vereadores de Navegantes disse que o projeto de lei que concede revisão geral dos profissionais do magistério tramitou de acordo com todas as normas e procedimentos estabelecidos pelo Regimento Interno da Casa, oficialmente recebido em 18 de janeiro de 2021. 

A nota também diz que o projeto foi aprovado por unanimidade pelos vereadores presentes, e lamenta o transtorno e a confusão causada pelas informações deturpadas veiculadas através do áudio vazado. 

Entretanto, o Poder Legislativo não emitiu uma declaração sobre o suposto acordo que visava evitar a "tramitação adequada" do projeto na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ), liderada por Toninho na época. Além disso, também não se pronunciou sobre a medida protetiva solicitada por K.C., que foi o ponto de partida da controvérsia.

O áudio da conversa entre os vereadores está disponível no instagram @jornaldenavegantes.